Pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos se apresenta como representante de um novo paradigma, mas se aproxima de velhas raposas da política
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A um ano das eleições de 2014, o PSB registrou um expressivo aumento nos seus quadros partidários. À filiação de Marina Silva, formalizada no último dia permitido pela Justiça Eleitoral a tempo de disputar o pleito, seguiu-se uma enxurrada de filiações ao PSB de lideranças da Rede Sustentabilidade, partido idealizado pela ex-senadora e que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a própria Marina, a migração para o PSB tem um caráter de "aliança" entre os dois partidos, permanecendo a Rede em processo de estruturação.
"Eu continuarei porta-voz da Rede Sustentabilidade. É uma filiação democrática. Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia. Quero agradecer aos companheiros do PSB a chancela política e eleitoral que a Justiça eleitoral não nos deu", disse a mais nova socialista, durante o anúncio oficial do acordo.
Entre as principais lideranças da Rede Sustentabilidade que acompanharam Marina e migraram para o PSB estão os deputados federais Walter Feldman (SP) e Alfredo Sirkis (RJ), que deixaram, respectivamente, o PSDB e o PV. Outros membros da cúpula da Rede próximos à ex-senadora acreana, incluindo Bazileu Margarido e Pedro Ivo, também se uniram aos socialistas.
Aproveitando a imagem associada a Marina, de uma política ética ligada às questões sociais e ambientais, Eduardo Campos tomou como referência as manifestações populares de junho para dizer que sua companheira de chapa personifica a mudança que a sociedade clamou quando foi às ruas. "Quem entendeu o que as ruas do Brasil em alto e bom som disseram, quem entendeu o que aconteceu no Brasil em junho, não tem nenhuma dificuldade de entender o que ocorrer aqui hoje. O que ocorre aqui hoje é o desejo de discutir o Brasil. Quero melhorar a política, alguém que traga pureza, que traga a voz das ruas. Tenho clareza que nós aqui estamos recebendo a Rede no PSB para fazer a aliança programática porque reconhecemos a Rede como algo necessário para melhorar a política no Brasil", disse no último sábado, ao fazer o anúncio da aliança com Marina Silva. Apesar de se apresentar como um representante desse novo paradigma, o governador de Pernambuco costura, nos bastidores, acordos com velhas raposas da política brasileira.
Recrutamento de opositores de Lula
Um dos exemplos do pragmatismo de Campos na hora de definir suas alianças é o ex-senador Heráclito Fortes (PI), que deixou o DEM para filiar-se ao PSB. Fortes foi uma das principais lideranças da oposição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu "extirpar" o DEM da política durante as eleições de 2010. Por influência de Lula ou não, o fato é que Heráclito não conseguiu se reeleger naquele ano, entrando em atrito com a cúpula de seu partido.
Um dos exemplos do pragmatismo de Campos na hora de definir suas alianças é o ex-senador Heráclito Fortes (PI), que deixou o DEM para filiar-se ao PSB. Fortes foi uma das principais lideranças da oposição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu "extirpar" o DEM da política durante as eleições de 2010. Por influência de Lula ou não, o fato é que Heráclito não conseguiu se reeleger naquele ano, entrando em atrito com a cúpula de seu partido.
Heráclito citou o próprio Campos como um dos motivos que o levaram ao PSB. "Nós temos aí com perspectiva de candidatura a presidente da República uma figura extraordinária, jovem e nordestina, que é o Eduardo Campos. E se você for examinar o que ele fez em Pernambuco, pensa logo: 'ah, se ele fizesse pelo Brasil'. Como eu sou um otimista, eu me baseei muito nessa perspectiva", afirmou Heráclito em entrevista à TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí.
Outra figura egressa do DEM que se aproxima de Campos é o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), que deixou os Democratas em 2010 e apoiou informalmente a criação do PSD, dissidência fundada pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Durante a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, Bornhausen chegou a declarar publicamente que queria "acabar com essa raça", referindo-se ao governo petista.
Apesar de, oficialmente, não estar filiado a nenhum partido, Bornhausen segue influente na política catarinense. Seu filho, o deputado federal Paulo Bornhausen, atualmente comanda a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico Sustentável. Após romper com os dirigentes do PSD, que sinalizavam que apoiariam a presidente Dilma Rousseff, Paulo Bornhausen migrou para o PSB em agosto deste ano, em acordo sacramentado em jantar promovido por seu pai, e que contou com a presença ilustre de Eduardo Campos. Acabou se tornando presidente estadual da sigla em Santa Catarina.
Blocão em Pernambuco
Depois do anúncio do rompimento do PSB com o PT em nível nacional, Eduardo Campos passou a ser acusado de "canibalizar" a base aliada do governo de Pernambuco. Lideranças do PT como o ex-deputado federal Mauricio Rands e o secretário estadual de Transportes Isaltino Nascimento migraram para o PSB, assim como o vice-governador João Lyra Neto, ex-PDT.
Depois do anúncio do rompimento do PSB com o PT em nível nacional, Eduardo Campos passou a ser acusado de "canibalizar" a base aliada do governo de Pernambuco. Lideranças do PT como o ex-deputado federal Mauricio Rands e o secretário estadual de Transportes Isaltino Nascimento migraram para o PSB, assim como o vice-governador João Lyra Neto, ex-PDT.
A influência de Campos em Pernambuco - onde conta com a aprovação de 58% da população, sendo o governador melhor avaliado do País - é tamanha que ele tem o apoio de um antigo adversário de sua família. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ferrenho opositor de Miguel Arraes, avô de Campos, tornou-se aliado nas eleições municipais de 2012, apoiando a chapa vencedora de Geraldo Julio (PSB), indicado pelo governador. Em setembro, o filho do senador, Jarbas Filho, ganhou um cargo na prefeitura. Ao que tudo indica, a aliança será mantida nas eleições presidenciais.
Disputas regionais
Se na corrida pelo Palácio do Planalto Campos se apresenta como terceira via, nas disputas regionais, seu partido transita tanto entre apoiadores da presidente Dilma quanto entre a oposição. Na Bahia, o partido se aproxima de um acordo com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB ao governo do Estado. A aliança esbarra na vontade da senadora Lídice da Matta (PSB) de se lançar candidata.
Se na corrida pelo Palácio do Planalto Campos se apresenta como terceira via, nas disputas regionais, seu partido transita tanto entre apoiadores da presidente Dilma quanto entre a oposição. Na Bahia, o partido se aproxima de um acordo com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB ao governo do Estado. A aliança esbarra na vontade da senadora Lídice da Matta (PSB) de se lançar candidata.
O PT, do governador Jaques Wagner, deve lançar candidatura própria. A preferência declarada de Wagner é pelo secretário da Casa Civil, Rui Costa, mas José Sérgio Gabrielli conta com o pesado apoio do ex-presidente Lula.
No Distrito Federal, o PSB saiu da base do governador Agnelo Queiroz (PT) e deve lançar candidatura própria. O senador Rodrigo Rollemberg é cotado como potencial candidato do partido, que negocia o apoio do PDT, através do deputado federal José Antônio Reguffe (PDT-DF).
O PSDB, adversário direto na disputa pelo Planalto, aparece como um possível aliado em três dos maiores colégios eleitorais do País. No Paraná, o PSB deve manter a parceria pela reeleição do governador Beto Richa. Em Minas Gerais, reduto de Aécio Neves, o PSB deve manter-se fiel ao candidato indicado pelo presidenciável tucano, um dos principais aliados do socialista Márcio Lacerda. Já em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin já se disse "admirador" do trabalho de Eduardo Campos e cogita entregar ao PSB a vaga de vice em sua chapa à reeleição.
Debandada
Mas nem tudo são flores no caminho de Eduardo Campos. Principal opositor interno à ideia de candidatura própria à Presidência da República, o governador do Ceará, Cid Gomes, liderou um movimento de dissidência dentro do partido, que migrou para o Pros. Além de Cid e seu irmão, Ciro, entraram na nova sigla cinco deputados federais (quatro oriundos do PSB e um do PR), nove deputados estaduais e 38 prefeitos cearenses, incluindo o de Fortaleza, Roberto Claudio.
Mas nem tudo são flores no caminho de Eduardo Campos. Principal opositor interno à ideia de candidatura própria à Presidência da República, o governador do Ceará, Cid Gomes, liderou um movimento de dissidência dentro do partido, que migrou para o Pros. Além de Cid e seu irmão, Ciro, entraram na nova sigla cinco deputados federais (quatro oriundos do PSB e um do PR), nove deputados estaduais e 38 prefeitos cearenses, incluindo o de Fortaleza, Roberto Claudio.
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